sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Como não percebo nada de economia, até posso fazer resumos muito inocentes da coisa

"Se a memória não me engana, foram os mercados (e aquele que era, então, o seu porta-voz, um tal de Cavaco Silva) que nos convenceram a investir na bolsa, em auto-estradas, em novas tecnologias (o futuro!) e em casas próprias, uma vez que coisas como produzir, pescar e cultivar eram completamente anacrónicas e terceiro-mundistas. Depois, quando, afinal, não precisávamos todos de informação a toda a hora no telemóvel, os mercados perceberam já não conseguiam aguentar tanta casa por vender, tanto empréstimo por pagar, e vieram de mão estendida cravar o dinheiro dos nossos impostos, o que tínhamos e o que não tínhamos (e Sócrates e sus muchachos fizeram-lhes o favorzinho). A seguir, como pedimos dinheiro emprestado para evitar a falência do sector financeiro e o caos que sobreviria como as sete pragas do Egipto, os mercados baixaram-nos o rating e aumentaram-nos os juros, até o ponto em que tínhamos de pedir empréstimos para pagar empréstimos e já não merecíamos a confiança dos mercados (para novos empréstimos). Fomos, por isso, de mão estendida aos mercados pedir que nos financiassem a juros mais camaradas, ao que os mercados acederam, desde que vendêssemos as empresas públicas e reduzíssemos os direitos sociais dos chatos dos trabalhadores (e nada melhor que um social-democrata como Passos Coelho e a sua comandita para distribuírem entre eles os benefícios da "liberalização"). Também concordámos e fizemos o que nos mandaram, cortando tanto e tão pouco que, sem dinheiro para gastar, os consumidores se retraíram e deixaram de comprar várias coisas, supérfluas ou não, atirando a economia para o vórtice da recessão. E eis que, salvadores, os mercados reaparecem e voltam a baixar-nos o rating (e a puta que os pariu), agora a pretexto de que a economia está recessiva. Conseguem imaginar o que vai acontecer a seguir?"

Por M.J.Marmelo

Fonte: Teatro Anatómico

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Sugestão - Angola: trabalhar num país em construção


Uma refeição de fast food em Luanda custa 12,70 euros. Por mês, alugar um apartamento com dois quartos na capital angolana pode chegar aos 6500 euros. E a factura do supermercado é três vezes superior à de Lisboa. Hermínio Santos, autor do livro Trabalhar em Angola (uma edição da Planeta), não pinta uma realidade cor-de-rosa nas 112 páginas que dedica ao tema. Angola não é a terra prometida, o país de “dinheiro fácil, sol, praia, cerveja gelada”. A realidade é outra, mas nem por isso menos apetecível.

O país está em construção e participar no (re)nascimento de uma sociedade pode ser aliciante numa altura de recessão em Portugal, com elevada taxa de desemprego e perspectivas de futuro pouco animadoras. O autor, jornalista e actual director do jornal Briefing, escreve um guia minucioso e alerta que a decisão de emigrar, mesmo que temporariamente, deve ser muito ponderada e baseada em informação sólida.

Primeiro, não se devem fazer as malas na esperança de chegar à terra prometida. O crescimento é acelerado, sim, mas tudo está em construção. Há trânsito caótico nas ruas, os preços da alimentação e habitação são muito elevados, os serviços de manutenção são escassos, há dificuldades nas comunicações. Hermínio Santos avisa ainda que o tempo dos salários elevados terminou. Hoje um técnico qualificado recebe cerca de três mil euros mensais. Há cinco anos o mesmo trabalhador auferia cinco mil euros, a que acrescia subsídio de alimentação e refeições. Factores como a consolidação da paz, o regresso de angolanos com formação superior e o aparecimento de mão-de-obra de países asiáticos contribuíram para a estabilização dos salários “em valores mais realistas”.

O livro também traça o retrato do país, descrevendo aspectos históricos e económicos, como a importância do petróleo, as relações com a China ou as parcerias entre Angola e Portugal. Sugere ainda como negociar a remuneração e os benefícios antes de partir, dirigindo-se, neste capítulo, a um público-alvo muito particular (os quadros de topo). Um técnico especializado tem margem de manobra reduzida e, provavelmente, terá de partilhar e meio de transporte com colegas. É importante ter em atenção quanto vai gastar por mês. A despesa mensal com a alimentação pode chegar aos mil dólares (cerca de 694 euros ao câmbio actual).

Há informações sobre as oportunidades profissionais, como se pode criar uma empresa ou, por exemplo, os cuidados a ter ao nível de segurança. Neste aspecto, o autor alerta mesmo que o desleixo dos cuidados a nível de segurança é um erro comum. “Janelas fechadas, carro trancado, não atender chamadas na rua, não enveredar por caminhos que não conhece, são cuidados básico de segurança”, escreve.

O livro responde também a dúvidas como “é fácil transferir dinheiro para Lisboa?” ou “se tiver um problema grave de saúde o que devo fazer?”. No final, há uma lista de contactos úteis e um “kit” essencial de entendimento. Assim, quando aterrar em Luanda já sabe como pedir uma “bitola” (cerveja) e “pitar” (comer) qualquer coisa.

Trabalhar em Angola é mais dirigido aos quadros superiores que trazem de Portugal um conjunto de benefícios suportados pela empresa e não tanto aos que se aventuram sozinhos em Angola sem a força e apoio de uma função de topo. Quem tem de tratar sozinho da sua viagem e permanência no país, terá de ultrapassar desde logo as dificuldades de obtenção de visto. O autor apenas remete informação sobre os vistos para o site do Consulado de Angola, podendo ter aprofundado mais este tema. A verdade é este processo é lento e penoso. Enquanto não for assinado o projecto de acordo entre os dois países para melhorar a concessão (medida que deverá acontecer em meados de Setembro) este é o primeiro entrave a quem quer emigrar.

Mas Angola não é só trabalho. E o lado turístico é muitas vezes esquecido pelos portugueses que pela primeira vez pisam o território. Hermínio Santos faz questão de enaltecer as belezas naturais, mas o país ainda tem muito a melhorar, nomeadamente ao nível das infra-estruturas.

Certo é que, quanto melhor se conhecer Angola, melhor será a integração. Ana Rute Silva


O autor
Hermínio Santos tem 48 anos e é jornalista desde 1986. Entre Setembro de 2005 e Dezembro de 2010 foi assessor de comunicação do grupo Escom e, nessa qualidade, fez dezenas de viagens a várias regiões de Angola. Em 2008, foi um dos responsáveis pelo lançamento do semanário Novo Jornal. É o actual director do jornal Briefing

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

What happens next? The scenarios for Italy


Markets have pushed Italy and the eurozone towards what many investors see as a tipping point, but European Union officials on Wednesday said they were waiting for Italy to decide on a new government rather than planning emergency measures to turn the tide.
The prospect of a technocratic government taking over quickly from a teetering Silvio Berlusconi to push through long-demanded economic reforms – coupled with returning order to Greece and beefing up their €440bn rescue fund – presented the best hope for turning around a darkening crisis.
But if current plans do not work, the scenarios quickly become far more complicated:

1. The current plan: cut debt and spur growth now
EU officials and the majority of independent analysts agree that Italy’s economic fundamentals, while not rosy, are far better than those of Greece or other eurozone countries in full-scale bail-outs. Italy’s debt levels are high, but its annual deficits are small, its banking sector is sound, and its overall economy big and diversified.

2. Provide a precautionary line of credit
This was offered to Mr Berlusconi at the Group of 20 summit in Cannes last week, but was turned down. Such a line of credit would likely come from the IMF, something it does with regularity for countries that are solvent but struggling to raise cash. Last month, the EFSF was given similar powers and there is now talk it could step into the breach.

3. If all else fails: a full-scale bail-out
If Italy proves unable to return to the public markets with a credit line, the next step would be a bail-out that would take Rome out of the bond market altogether.

4. Or, a takeover by the European Central Bank
Some eurozone governments, led by France, have argued that the ECB must become the zone’s lender of last resort in order to stop the run on peripheral sovereign bonds. If it were to guarantee all Italian debt, the ECB’s unlimited firepower – it can literally print money – could give it the power to buy every Italian bond and ensure Rome could borrow at low rates for the foreseeable future.

But some worry that even the bottomless pockets of the ECB may not be enough to stop the panic if it were to grip the €1,900bn Italian bond market by the throat.

Fonte: Financial Times

Dois terços dos portugueses acreditam que o euro agravou os efeitos da crise


Um estudo de opinião feito para o Parlamento Europeu revela que 61% dos portugueses pensam que o euro agravou os efeitos negativos da crise, contra 33% que dizem que a moeda única “atenuou" os seus efeitos negativos.
A ideia parece ser partilhada com os 27 países da União Europeia (UE): mais de metade dos europeus (54%) concordam com os efeitos negativos do euro, ao passo que apenas 34% afirmam que o euro terá ajudado a minimizar os efeitos da crise.

Dos 1035 portugueses inquirido, mais de 85% “estão a sentir efeitos da crise económica, metade dos quais com um impacto ‘muito significativo’”. Cerca de 50% conhecem alguém que já perdeu o emprego devido à crise e 18% dizem mesmo que já aconteceu consigo mesmo ou com o seu parceiro.

Os resultados do eurobarómetro dizem ainda que 62% dos portugueses acreditam que “a crise vai durar muitos anos”, e todos os inquiridos dizem que Portugal não está “a regressar ao crescimento”.

Quanto à informação económica, 48% dos portugueses disseram que não sabiam o que eram as agências de notação financeira e 75% nunca ouviram falar nas euro-obrigações. Para 59% dos inquiridos, o papel das agências de rating é importante, e consideram mesmo que estas agências têm desempenhado uma função essencial no desenvolvimento da crise financeira.

Inflação disparou para 4,2% devido ao aumento do IVA na energia


A inflação homóloga disparou para 4,2% em Outubro, depois de ter sido de 3,6% em Setembro, sobretudo devido ao aumento do IVA na electricidade e gás natural, segundo o Índice de Preços no Consumidor (IPC) do INE.
No mês início do mês passado entrou em vigor o aumento do IVA sobre a electricidade e o gás decidido pelo actual Governo, de 6% para 23%.

Excluindo a energia e bens alimentares não transformados (a chamada “inflação de base”), a variação homóloga do IPC foi de 2,5%, mais próxima do objectivo de médio prazo de BCE para a estabilidade dos preços, que é de uma inflação próxima mas abaixo de 2%.

A inflação mensal (subida de preços face ao mês anterior) em Outubro foi de 1,1%, enquanto a inflação média dos últimos 12 meses está em 3,4%.

Se forem considerados os valores do IHPC (Índice Harmonizado de Preços no Consumidor), utilizado para comparações europeias, a inflação homóloga foi de 4,0% (face a 3% em Setembro), a mensal de 0,9% e a média anual de 3,3%.

A inflação em Portugal continua assim a afastar-se de média da zona euro, onde terá sido de 3,0% em Outubro, segundo a estimativa rápida divulgada pelo Eurostat no final do mês passado, onde não são avançados valores por país.


Fonte: Público